segunda-feira, janeiro 21, 2008

Laços

Laços - Toranja

Andamos em voltas rectas Na mesma esfera, Onde ao menos nos vemos Porque o fumo passou. A chuva no chão revela, Os olhos por trás. Há que levar o que restou E o que o tempo queimou. Tens fios de mais a prender-te as cordas, Mas podes vir amanha, Acreditar no mesmo Deus Tens riscos demais, A estragar-te o quadro. Se queres vir amanha, Acreditar no mesmo Deus Devolve-me os laços, meu amor! Devolve-me os laços, meu amor! Devolve-me os laços, meu amor! Devolve-me os laços.. Andamos em voltas rectas Na mesma esfera Mas podes vir amanhã Se queres vir amanhã Podes vir amanhã Tens riscos de mais A estragar-me a pedra Mas se vieres sem corpo À procura de luz Devolve-me os laços, meu amor! Devolve-me os laços, meu amor! Devolve-me os laços, meu amor! Meu amor Meu amor...

Toranja

Ver aqui: http://www.youtube.com/watch?v=zIfKivOzpYw


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"Andamos em voltas rectas Na mesma esfera"

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Estamos sempre, sempre na mesma, mesmíssima esfera com a ilusão real de contacto, em voltas rectas . Muitas vezes acontece que essa ilusão parece concretizar-se.
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"Onde ao menos nos vemos Porque o fumo passou".

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Acontece e deve ser justamente tratado como um "acontecimento". Deve ser celebrado, com cuidado para não riscar. Não partir. Sem euforias. Como ponto de partida. Mudança.

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"Tens riscos de mais A estragar-me a pedra Mas se vieres sem corpo À procura de luz".


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Com esse "acontecimento" de luz e energia, a esfera parece, parece abrir-se. Sem corpo porque com o autêntico corpo. Procurando a luz. Sempre.


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"A chuva no chão revela, Os olhos por trás. Há que levar o que restou E o que o tempo queimou".


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Os olhos que olham, olham com intensidade até chorarem. E finalmente verem. Depois pouco resta, e esse pouco basta. É imenso.

quarta-feira, janeiro 16, 2008

E uma vontade de rir nasce do fundo do ser

"E uma vontade de rir nasce do fundo do ser. E uma vontade de ir, correr o mundo e partir, a vida é sempre a perder"

http://www.youtube.com/watch?v=9AvUeoH81ZI


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Uma vontade de rir da nostalgia do ser. Ela, essa vontade que vem das tripas, é o único antídoto para a tristeza. E a vontade de ir é uma força imensa que nos arrasta...


Uma vontade de quem nada tem a perder senão a sua não vida.

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Caminhos

"Qualquer caminho é apenas um caminho e não constitui insulto algum - para si mesmo ou para os outros - abandoná-lo quando assim ordena o seu coração. (...) Olhe cada caminho com cuidado e atenção. Tente-o tantas vezes quantas julgar necessárias...

Então, faça a si mesmo e apenas a si mesmo uma pergunta: possui esse caminho um coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, esse caminho não possui importância alguma."


C. Castaneda

terça-feira, janeiro 08, 2008

Sexo e amor

Continuando o debate do log anterior, encontrei um resumo de um livro do sociólogo italiano Francisco Alberoni, "Sexo e amor".

Talvez a vida actual seja complicada e fonte de muito sofrimento. Contudo emergem novas possibilidades, novas formas de ser mais ricas e abertas. Como em todos os partos, há fases dolorosas mas também novas vidas mais plenas e livres emergem.

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"Francesco Alberoni tem um novo livro editado em Portugal. Chamou-lhe "Sexo e Amor". A obra, que surge quase 30 anos após a publicação de "Enamoramento e amor", foi escrita como "uma consequência natural" dos estudos que sobre a matéria dos relacionamentos humanos Alberoni tem vindo a produzir.

"Sexo e Amor" marca um novo ponto de viragem , dando, pela primeira vez, uma ordem e um sentido à trama de aspectos divergentes e convergentes que relacionam o amor e o sexo.

"Pensei que valeria a pena estudar as várias sociedades, as várias combinações entre sexo e sociedade. Fiz vários retratos, a partir de centenas de entrevistas, e com eles tentei transmitir aquilo que os homens e as mulheres de hoje sentem, desejam, querem, repudiam".

Para Francesco Alberoni, "é muito difícil, senão impossível", que uma relação baseada só em sexo possa durar. "Na sociedade actual, em que o acesso à Internet está cada vez mais facilitado, o sexo ficou, por isso mesmo, mais vulgarizado", conclui. Alberoni também adianta que "é muito frequente que sejam as raparigas a terem mais cedo relações sexuais do que os rapazes. E isto acaba por lhes trazer grandes desilusões, porque afinal a um desejo muito intenso não corresponde uma grande satisfação sexual. O amor está em permanente conflito com o sexo. Ao contrário do que acontecia há um século, nos dias de hoje há cada vez mais uma tendência para chegar ao amor através do sexo. A pornografia, que a Internet tornou mais acessível aos mais jovens, favorece muito a sexualidade promíscua e a bissexualidade. Tudo isto funciona como um obstáculo ao que chamo o enamoramento. Porque este passa necessariamente por diversas fases. Passa pelo fascínio, pela interpretação, pelas provas de reciprocidade. Por isso é que cada vez mais difícil formar-se um casal. Transformar o enamoramento em amor é muito complicado. Há formas de paixão que têm todas as características de enamoramento mas que, no fim de contas, têm também mecanismos de autodestruição".

Para Francesco Alberoni, "o amor hoje em dia só acontece se houver uma extraordinária intimidade física e espiritual. Quem ama e não é amado sofre muito". O autor de "Sexo e Amor" defende também a ideia de que há de facto diferenças entre a sexualidade feminina e masculina. "Este é, aliás, o único domínio em que há diferenças. As mulheres são mais sensíveis aos odores, ao tacto. Uma mulher apaixonada pode ter um orgasmo só pelo facto de tocar um dedo da mão do homem que ama. No homem, pelo contrário, todas as sensações estão mais concentradas no pénis " .

Na obra agora editada pela Bertrand, Francesco Alberoni recorre a uma combinação de histórias verídicas e relatos na primeira pessoa, colhidos de entrevistas ou de obras literárias. A partir desta estrutura narrativa o sociólogo analisa as diferentes experiências amorosas subsequentes de cada uma das formas que o amor e o sexo podem tomar. O livro é um sucesso editorial em Itália onde em três meses vendeu mais de 30 mil exemplares".

Ana Vitória in JN de 15-11-2006