segunda-feira, outubro 09, 2006

A um Deus desconhecido

A um Deus desconhecido


"O vento sussurrou um momento na relva e depois cresceu, trazendo consigo intensos odores a erva e a terra molhada, e a grande árvore agitou-se vivamente sob o vento. Joseph ergueu a cabeça e olhou para os seus enrugados ramos. Os olhos iluminaram-se-lhe em reconhecimento e desejou as boas vindas ao ser forte e simples que era seu pai, que pairara, com a sua juventude, como uma nuvem de paz, penetrando na árvore.

Ergueu a mão numa saudação. Disse baixinho: "Estou contente por ter vindo. Não me tinha apercebido até agora das saudades que sentia de si". A árvore mexeu-se ligeiramente. "Como vê é uma boa terra", continuou Joseph em voz baixa. "Vai gostar de cá estar". Abanou a cabeça para sacudir um resto de tontura, riu-se, em parte pelos seus pensamentos felizes, e em parte maravilhado com o seu súbito sentimento de irmandade para com a árvore... Pôs-se em pé, encaminhou-se para a velha árvore e beijou-lhe a casca"

John Steinbeck

A um Deus desconhecido

in http://soprarpalavrasaovento.blogspot.com/2006/10/um-deus-desconhecido.html

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